Apresentando o OpenOffice.org e o BrOffice.org

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O OpenOffice.org é uma das melhores (senão a melhor das) suítes de escritório abertas existentes. Com ele é possível fazer textos, planilhas de cálculos, apresentações, desenhos, bases de dados e muito mais. O OpenOffice.org está disponível em vários idiomas e pode ser instalado em praticamente qualquer computador, pois apresenta versões para os sistemas operacionais mais utilizados (Windows, Mac OS, Linux e Solaris), e suporta os formatos de arquivo das suítes de escritório mais comuns no mercado, com a vantagem de ser gratuito e aberto.


No Brasil, não se fala em OpenOffice.org, mas em BrOffice.org, que é a versão nacional do OpenOffice.org. Ele apresenta as mesmas características e funcionalidades do OpenOffice.org. As diferenças básicas consistem no nome, no logotipo e em alguns incrementos que são feitos para tornar a suíte de escritório mais próxima da realidade dos usuários brasileiros. O Brasil é o único país do mundo no qual o OpenOffice.org recebe uma denominação especial, e ainda neste artigo você saberá por quê.

Os componentes da suíte


O OpenOffice.org e o BrOffice.org são compostos pelos programas Writer, Calc, Impress, Base, Draw e Math. Naturalmente, o Writer e o Calc são os mais conhecidos e utilizados, mas os outros componentes do pacote também surpreendem pelos recursos.

Antes de começar a falar sobre cada um deles detalhadamente, quero observar que esses programas trabalham preferencialmente com um formato de arquivo aberto, o OpenDocument (ODF), que torna as informações armazenadas nos arquivos gerados por eles mais enxutas, confiáveis e portáveis.

Geralmente um mesmo documento salvo em vários formatos apresenta tamanho menor quando salvo no formato OpenDocument e dificilmente tem sua formatação alterada quando aberto em outro computador ou até mesmo em outro sistema operacional. Isso acontece porque os arquivos OpenDocument são, na verdade, arquivos compactados, contendo arquivos separados para o texto, formatação, imagens e outros objetos incluídos. As imagens são mantidas em seu formato original (sem perda de qualidade ou qualquer tipo de alteração) e o texto é salvo na forma de um arquivo XML.

Você pode conferir esse fato alterando a extensão de qualquer arquivo OpenDocument para .zip e abrindo esse arquivo com um programa descompactador de arquivos qualquer:


O OpenOffice.org e o BrOffice.org não suportam no entanto apenas esses formatos de arquivo. Como você verá a seguir, todos os formatos de arquivo mais populares podem ser manipulados tranquilamente por seus programas.

Além disso, um recurso bastante útil do OpenOffice.org e do BrOffice.org presente em todos os programas do pacote (e, provavelmente, um dos preferidos de seus usuários) é a possibilidade de exportar os documentos no formato Adobe PDF (extensão .pdf), que pode ser aberto em qualquer computador que possua o Adobe Reader e não pode ser editado por outros programas. Esse recurso é bastante interessante para quem deseja publicar seus documentos na Internet, pois garante que sua formatação e conteúdo não serão alterados por quem baixar ou repassar esses documentos.

Para exportar um documento no formato Adobe PDF, em qualquer programa do pacote BrOffice.org, basta ir no menu "Arquivo" e clicar em "Exportar como PDF...":


BrOffice.org Writer


O programa mais conhecido do BrOffice.org certamente é o Writer, que é o editor de textos. Com ele, você pode criar desde simples textos, passando por cartas, faxes, agendas, malas diretas, até mesmo livros completos, contendo figuras, tabelas, gráficos e outros objetos. Ele possui vários recursos, como autocorreção, autoformatação, completar palavras, dicionário de sinônimos, estilos, hifenização, índices, referências bibliográficas e verificação ortográfica e gramatical, só para citar alguns.

O Writer gera por padrão arquivos no formato OpenDocument, com a extensão .odt, mas suporta de vários outros formatos, entre eles arquivos de texto (extensão .txt), arquivos Rich Text Format (.rtf), e documentos do Microsoft Word (.doc) e do StarWriter (.sdw). Também pode ser usado para criar páginas da Internet (.html), apesar de não ser uma ferramenta específica para tal.


BrOffice.org Calc


O Calc é a planilha eletrônica do BrOffice.org. Ele pode ser utilizado para calcular, analisar e gerenciar dados. Entre seus recursos mais interessantes encontram-se sua vasta gama de funções, todas em português, o que facilita bastante sua utilização, e a possibilidade de gerar diferentes tipos de gráficos a partir de dados organizados em tabelas. Trabalha com planilhas no formato OpenDocument, com a extensão .ods, mas suporta a leitura e geração de arquivos nos formatos de outros programas de planilha eletrônica, como Microsoft Excel (.xls), StarCalc (.sdc), Lotus (.wk1, .wks e .123) e Quattro Pro (.wb2).


BrOffice.org Impress


O Impress é o gerador de apresentações multimídia e transparências do BrOffice.org. Usando ele você pode criar apresentações com figuras em 2D ou 3D, efeitos especiais, animações e ótimas ferramentas de desenho. Abre e salva arquivos no formato OpenDocument (extensão .odp), mas também suporta outros formatos de apresentação, como Microsoft Power Point (.ppt e .pps) e StarImpress (.sdp). Além disso, permite exportar as apresentações como páginas da Internet (.html) ou animações do Adobe Flash (.swf), permitindo que elas sejam visualizadas em qualquer computador com o Adobe Flash Player instalado. Esses recursos podem ser muito úteis se você pretende publicar suas apresentações na Internet.


BrOffice.org Base


O Base é o sistema gerenciador de banco de dados (SGBD) do BrOffice.org. Ele é ideal para uso em escritórios ou residências, pois permite ao usuário manipular bancos de dados sem o conhecimento técnico requerido por outras aplicações de banco de dados mais robustas. Você pode criar e modificar tabelas, formulários, consultas e relatórios, seja usando um banco de dados externo (o Base suporta nativamente conexão com os bancos de dados mais populares, como, por exemplo, dBASE, Microsoft Access, MySQL, Oracle e outros bancos de dados ODBC), seja através do mecanismo de banco de dados próprio do Base. As bases de dados geradas com esse mecanismo possuem formato OpenDocument (extensão .odb).


BrOffice.org Draw


O Draw é o programa de desenho vetorial do BrOffice.org. Ele permite criar e editar desenhos, desde rascunhos rápidos até fluxogramas, cartazes, logotipos e muito mais. Suporta a criação de imagens 2D ou 3D e possui uma galeria com objetos de desenho e ilustrações prontas. Abre, edita e salva arquivos no formato OpenDocument (extensão .odg), padrão, ou StarImpress (.sda e .sdd). Também suporta a abertura de outros formatos, como Adobe Photoshop (.psd) e AutoCAD Interchange Format (.dxf).


BrOffice.org Math


O Math é o editor de fórmulas matemáticas do BrOffice.org. Através dele é possível escrever os mais variados tipos de expressões matemáticas sem nenhuma complicação. Ele apresenta um menu através do qual é possível escolher entre os diversos tipos de operadores disponíveis qual será inserido na fórmula matemática, dispensando ao usuário o conhecimento da sintaxe utilizada pelo programa para definir a fórmula. Depois disso o usuário só precisa digitar os valores que vão ocupar os lugares dos operandos. Abre e salva arquivos nos formatos OpenDocument (extensão .odf) e StarMath (.smf).


Integração entre os componentes


Um fator que facilita bastante a utilização do BrOffice.org é a alta integração entre os seus componentes. Um exemplo disso é que você não precisa se preocupar com a extensão do arquivo: de qualquer programa do pacote é possível iniciar ou abrir um arquivo que é tratado por outro programa.

Além disso, há uma padronização das ferramentas encontradas nos seus programas, de forma que em todos elas apresentam a mesma aparência e comportamento. As ferramentas de desenho do Draw, por exemplo, também estão presentes no Writer e no Impress. As fórmulas matemáticas que são escritas no Math também podem ser escritas da mesma forma no Writer e no Impress. O objetivo dessa padronização é perfeitamente expresso pela ideia "aprenda uma vez e use em qualquer lugar".

Um pouco da história do OpenOffice.org


A origem do OpenOffice.org remonta ao final da década de 90, quando a empresa alemã Star Division, que desenvolvia desde meados dos anos 80 um pacote de escritório chamado StarOffice, foi adquirida pela empresa americana Sun Microsystems.

Em 1998, a Star Division decidiu tornar o StarOffice, que estava na versão 5.0, um programa gratuito. Então ela passou a disponibilizá-lo gratuitamente aos seus usuários. Interessada no programa, a Sun comprou a Star Division no ano seguinte. O lançamento da versão 5.2 do StarOffice, já pela nova proprietária, se deu em junho de 2000. Pouco tempo depois, no mês de outubro do mesmo ano, a Sun Microsystems liberou o código fonte da maioria dos módulos do StarOffice para a comunidade de código aberto, lançando assim o projeto OpenOffice.org.




A Sun então passou a desenvolver dois pacotes de escritório: o OpenOffice.org, que era um software livre, gratuito e de código aberto; e o StarOffice, que a partir da versão 6.0 passou a ser desenvolvido com base no OpenOffice.org e se tornou um software proprietário, sendo comercializado pela Sun.

O projeto OpenOffice.org ganhou o apoio de diversas organizações do mundo tecnológico, como Novell, Intel, Red Hat, Debian, Mandrake, Conectiva, além de importantes contribuições de desenvolvedores independentes, ONGs e agências governamentais. Essa comunidade, formada por milhares de programadores e usuários do mundo inteiro, é quem desenvolve o pacote desde então. O desenvolvimento do OpenOffice.org, no entanto, não é feito apenas pelos colaboradores. A Sun coordena as atividades da comunidade e ainda é a que mais contribui para o desenvolvimento do projeto.

Desde o lançamento da versão 1.0 do OpenOffice.org, em 2002, o pacote de programas de escritório já teve mais de 300 milhões de downloads, sendo que destes 100 milhões ocorreram após o lançamento da versão 3.0, em outubro de 2008. Atualmente, o OpenOffice.org se encontra na versão 3.2, lançada em fevereiro de 2010.



OpenOffice.org no Brasil – o BrOffice.org


Estima-se que foi em 2001 que surgiu a primeira proposta de tradução do OpenOffice.org para o português brasileiro, quando um ex-funcionário da Conectiva Linux se candidatou a coordenar a tradução da suíte, dando seu nome à coordenação da equipe do projeto de internacionalização do OpenOffice.org. Em fevereiro de 2002, Raffaela Braconi, então líder dessa equipe, repassou a função de coordenação da tradução para Claudio Ferreira Filho, que já vinha traduzindo o OpenOffice.org de forma independente e paralela.

Surgiu então o OpenOffice.org Projeto Brasil. Com o reconhecimento do seu trabalho, outras pessoas se juntaram à equipe e desde então o projeto não parou de crescer, passando a desenvolver, além da tradução da interface, funcionalidades específicas para a versão brasileira do pacote. Foram criadas as listas de discussão, o projeto de documentação, o Rau-tu, o projeto Extras e finalizadas as traduções das aplicações e da ajuda do software.


Em 2004, devido a problemas com a marca "Open Office", já registrada em 1996 pela BWS, uma empresa de informática do Rio de Janeiro, foi necessário mudar o nome da comunidade e do programa.

Após coletar diversas sugestões dos membros da comunidade, procurando manter uma relação entre o projeto OpenOffice.org e o público brasileiro e, principalmente, verificando a disponibilidade junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para evitar problemas futuros de registro, decidiu-se que no Brasil o projeto OpenOffice.org seria referenciado pelo nome de BrOffice.org. Em janeiro de 2006 foi anunciado oficialmente o lançamento da ONG BrOffice.org, que passou a organizar as atividades do antigo OpenOffice.org Projeto Brasil.


Não apenas o Brasil teve problemas legais com a marca OpenOffice.org. Em outros países, como a Holanda, por exemplo, a comunidade OpenOffice.org também enfrentou problemas com o registro da marca. Nesses países, no entanto, os problemas foram contornados, enquanto no Brasil a solução só se deu com a adoção de um novo nome. Assim, o Brasil se tornou o único país no mundo no qual o OpenOffice.org recebeu uma denominação específica, de modo que o pacote OpenOffice.org não é mais distribuído oficialmente no Brasil, sendo em seu lugar disponibilizado o BrOffice.org.

Apesar da mudança de nome, o BrOffice.org continuou representando o OpenOffice.org, apresentando todas as características e recursos deste. As diferenças básicas entre os dois consistem basicamente nas adaptações que foram incluídas no BrOffice.org para tornar o pacote de escritório mais próximo do dia-a-dia do usuário brasileiro. Não obstante, a comunidade BrOffice.org desenvolve diversos outros projetos, entre eles os que foram tratados aqui no blog: o verificador ortográfico VERO, o dicionário de sinônimos DicSin e o corretor gramatical CoGrOO.

Dentre estes projetos, merece destaque o VERO, responsável pelo desenvolvimento e atualização dos dicionários de palavras que são usados pelo BrOffice.org para realizar a verificação ortográfica dos documentos. Graças a esse projeto, o BrOffice.org possui hoje a melhor correção ortográfica para a língua portuguesa na vertente brasileira, visto que é a única que já segue o Acordo Ortográfico de 1990 em conformidade com as novas orientações da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Além do dicionário para o Português do Brasil, a equipe do VERO também desenvolve dicionários para o Português de Portugal e para o Espanhol do Chile, que podem ser baixados gratuitamente no site do projeto.

A título de curiosidade, gostaria de finalizar informando que o logotipo do BrOffice.org, assim como o nome, foi desenvolvido de forma a manter uma relação entre o OpenOffice.org e o Brasil: perceba que a marca obedece à cor azul do projeto central, presente também na nossa bandeira, mas agrega o verde, que não está presente no logotipo original. Além disso, as aves, gaivotas no desenho original, ganharam linhas mais dinâmicas, transformado-se nas aves brasileiras chamadas "trinta-réis", presentes em todo nosso litoral.



Fontes


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