Comparação entre o BrOffice.org e o Microsoft Office

Atenção: o blog do AvmLinux foi movido para http://www.avmlinux.org/!
Experimente ler esse mesmo post no novo endereço!
Essa semana eu recebi um e-mail de um usuário do Viva o Linux perguntando-me quais eram as vantagens e desvantagens do BrOffice.org em relação ao Microsoft Office. Estava sem tempo para responder o e-mail, mas acabei me empolgando ao redigí-lo e quando dei por conta o texto estava enorme. Achei muito interessante fazer essa comparação, por isso estou publicando-a aqui.



Não é meu costume comparar softwares livres com softwares proprietários (nesse caso, BrOffice.org versus Microsoft Office), até porque sou contra a atitude de alguns amantes do Linux de chamar o Windows de "Ruindows" (podem perceber em meus artigos que eu não faço críticas negativas a softwares proprietários), portanto vou tentar ser imparcial nesta comparação, apesar de preferir o BrOffice.org.

Acho que as maiores diferenças entre eles existem justamente por um ser livre e o outro ser proprietário. Alguns pontos em que o BrOffice.org leva vantagem em relação ao Microsoft Office são:

  • O BrOffice.org é gratuito, enquanto o Microsoft Office é pago e, aliás, custa bem caro (o Microsoft Office 2010 Professional está custando R$ 1.399,00, como você pode ver nesta página). Vale lembrar também que, para os que não podem pagar por uma licença, o BrOffice.org é a alternativa legal ao Microsoft Office pirata, que é, na verdade, o maior concorrente do Microsoft Office original;
  • O BrOffice.org é desenvolvido por usuários para usuários, o que garante que as
    funcionalidades desejadas pelos usuários estarão presentes nele, enquanto o Microsoft Office só é desenvolvido pela Microsoft, assim o usuário pode, no máximo, enviar à Microsoft uma sugestão e aguardar que ela seja implementada na suíte;
  • O fato de ser livre, possuir código-fonte aberto e ser desenvolvido por usuários para usuários também garante que o BrOffice.org não deixará de existir enquanto houver pessoas utilizando-o (inclusive já existe um fork do OpenOffice.org, o LibreOffice, lançado pela comunidade frente à possibilidade de o OpenOffice.org ser descontinuado pela Oracle), ninguém pode garantir até onde a Microsoft desenvolverá o Microsoft Office;
  • O BrOffice.org conta várias pessoas para suportá-lo ao redor do mundo (eu, por exemplo, não tenho nenhum vínculo oficial com o projeto BrOffice.org, mas estou redigindo isto) enquanto o Microsoft Office só é suportado pela Microsoft ou por suas autorizadas;
  • O BrOffice.org possui um formato de documento aberto e homologado (vocês podem ler mais aqui e aqui), amplamente suportado por outros softwares e pela comunidade, enquanto o Microsoft Office possui um formato proprietário da Microsoft, que só é aberto corretamente utilizando sua suíte de escritório. Vale observar que o Microsoft Office 2007 já abre o formato ODF, mas com ressalvas.
  • O BrOffice.org pode ser utilizado em vários sistemas, livres ou proprietários (Windows, MacOS, Linux, Solaris e Open Solaris) e pode ser portado para outros, uma vez que é código-aberto, enquanto o Microsoft Office só pode ser executado no sistema proprietário próprio da Microsoft (Windows) ou em outros sistemas através de artifícios (Wine, no caso do Linux), o que mesmo assim não é garantido.

Alguns pontos que podem ser citados como desvantagens do BrOffice.org em relação ao Microsoft Office são:

  • O BrOffice.org, uma vez que é gratuito, é distribuído com uma licença do tipo "use por sua própria conta e risco", assim você está sujeito a encontrar falhas no programa, apesar de um grande esforço da comunidade para garantir a estabilidade do BrOffice.org. É bem verdade que nada é perfeito e a Microsoft também não pode garantir a estabilidade do Microsoft Office, mas ao menos neste caso você pode responsabilizá-la por qualquer prejuízo, uma vez que você está pagando pelo produto;
  • Em termos de recursos, se comparado ao Microsoft Office, o BrOffice.org pode ser considerado "básico", se bem que ambos apresentam os recursos mais utilizados pela maioria dos usuários;
  • O visual do Microsoft Office é mais trabalhado (quer queira, quer não, temos que admitir isso), apesar de não ser tão personalizável quanto o do BrOffice.org (há distribuições Linux que utilizam seus próprios ícones no OpenOffice.org, como é o caso do Ubuntu).

Em termos de requisitos, o BrOffice.org também exige muito menos do computador que o Microsoft Office. Uma instalação completa do BrOffice.org no Windows ocupa apenas 440 MB (a página de requisitos do BrOffice.org está desatualizada, vejam esta) enquanto uma instalação também completa do Microsoft Office 2010 Professional Plus (a mais completa, com todos os recursos) ocupa 3,5 GB (para mais informações, leiam esta página), é quase 8 vezes maior.

Em termos de memória consumida e versões do Windows suportadas os dois praticamente se igualam, mas vale lembrar que o BrOffice.org suportou o Windows 98 até a versão 2.4.2, lançada em outubro de 2008 (os requisitos desta versão podem ser encontrados aqui e a notícia de seu lançamento aqui), enquanto o Microsoft Office parou de suportar esse sistema já na versão 2003 (para mais informações, leiam os requisitos do Microsoft Office 2003), o que significa dizer que o BrOffice.org é mais vantajoso em computadores antigos e confirma a tese de que ele exige menos do sistema.

É difícil comparar ambos em termos de documentação. Pelo menos em tese o Microsoft Office deveria ser o melhor documentado, com ajuda completa e maior disponibilidade de textos na Internet, além do suporte oferecido pela Microsoft, mas a equipe do BrOffice.org fez um excelente trabalho com a ajuda, além do que o BrOffice.org também é muito bem documentado na Internet, haja vista a grande quantidade de usuários, uma vez que quase todas as distribuições Linux o trazem instalado como suíte de escritório padrão. Resumindo, em termos de documentação ambos são excelentes.

Finalmente, vale ressaltar que o usuário final não está necessariamente preocupado com vários desses aspectos, ele utilizará o que lhe for mais cômodo e satisfaça suas necessidades. Instituições públicas tendem a utilizar softwares livres, uma vez que podem reverter o dinheiro que seria gasto com licenças em outras ações. Nesta notícia vocês encontram alguns exemplos de instituições e empresas que já fizeram isso.

Um abraço a todos e até a próxima.

0 comentários:

Postar um comentário